8 de jan. de 2010

Me explica.






Não me contaram, e eu não sabia, que as histórias terminam. Não me disseram que o recomeço era isso, essa profusão de afinidades aleatórias jogadas no vento arredio das semanas passadas. E então, era pedra. E então, é grão de areia no fundo da luz fria.
Falta não soma, ausência não se toma como personagem para se contar uma história - e isso também ninguém me disse... Logo, essa narrativa é inenarrável, são palavras soltas, figuras plenas em olhos tristes ora alegres, o som do que eu não disse, integridades incompletas.
Quem sou eu agora? Sim, agora, agora mesmo, à meia-noite. Três horas antes das três da manhã ou tanto tempo depois daquele dia em que eu... em que eu.
Quem sou eu agora, que não me dou sequer mais o direito de ser ridícula de chorar as mesmas pedras pelos rumores do que me foi dito, de me considerar desimportante - sofrendo por isso - diante do silêncio no que não me foi dito, de me humilhar repetindo tantos milhares de vezes o que eu sinto, de cuspir aos quatro ventos o que é viver uma história inenarrável?
Um possível exemplo em livros de psicanálise. Lacaniana, Winnicott, fenomenologia. Quem sou eu agora? Alguém que escuta música e ainda abraça bichos de pelúcia.
Ninguém nunca me disse que numa certa altura não há mais o que dizer. Que numa certa altura a gente se cala antes do medo da resolução, da frieza de uma descoberta, do anseio por um afago. Ninguém nunca me disse que o resto, o vestígio, a sombra, é um emaranhado de sons surdos. (E eu sinto tanto que me desmancharia em átomos).




por T.C.F

Um comentário:

Anônimo disse...

A resposta está dentro de você,Thayse.



p.s:Por quê você não me procurou ontem?